Pamela Chan: a força motriz por trás da construção dos valores da Cidade Velha

01/03/2021

Texto/Sara Lo
Fotografias/Cora Si, e parcialmente fornecidas pelas entrevistadas

 

A utilização de “mulheres” como tema de discussão não é novidade hoje em dia, mas ainda há sempre espaço para progressos em termos da igualdade de género. Em todo o mundo, mesmo que não haja discriminação ou injustiça gritante, existe uma grande hipótese de que as palavras e as acções possam revelar acidentalmente ideologias profundamente enraizadas. O último caso mais mediático e discutido é o do antigo presidente do Comité Olímpico de Tóquio, que acabou por cair em desgraça e demitir-se devido aos seus comentários desrespeitosos para com as mulheres.

 

Desde o estabelecimento do Dia Internacional da Mulher há mais de um século, os movimentos e as iniciativas para a promoção da igualdade de género e do empoderamento das mulheres têm surgido em todo o mundo, e o verdadeiro progresso no pensamento deve vir do respeito e da apreciação por cada indivíduo, em vez de preconceitos e estereótipos baseados no género. Nesta edição de “Destaque”, entrevistámos três mulheres, que são, respectivamente, uma criadora, uma artista e uma empreendedora com personalidades e especialidades diferentes, trabalhando arduamente nos seus próprios campos com os seus temperamentos únicos. Na véspera de mais um Dia da Mulher, vamos dar uma vista de olhos a estes rostos bonitos e confiantes.

 

 

 

Pamela Chan: a força motriz por trás da construção dos valores da Cidade Velha 
Passar de uma grande empresa do jogo para uma PME local, uma escolha que parece incomum reflecte as suas espectativa e confiança em virar esta página da sua vida.

 

 

Pamela Chan, vice-directora de marketing da Taipa Village Destination Limited, saiu de uma empresa do jogo em 2015 e juntou-se à presente empresa, que se dedica ao projecto de desenvolvimento da velha Vila de Taipa, tendo a Lan Kwai Fong de Hong-Kong como modelo. Naquela altura, tinha trabalhado mais de oito anos na empresa anterior e estava à procura de um avanço. E aconteceu que a empresa actual lhe acenou. Com determinação, levou com ela as experiências ricas que tinha ganho ao longo dos anos em áreas como as relações públicas e o planeamento de eventos, e tornou-se numa das pioneiras que começaram do zero o estabelecimento e a manutenção das relações com comerciantes e residentes da cidade velha, com a finalidade de elevar os valores económicos da comunidade de uma perspectiva comercial.

 

 

Nos últimos anos, sob o impulso vigoroso dos empreendedores, a Cidade Velha inventou um novo modo de lazer entre o conjunto das casas baixinhas já idiossincráticas. Além de ter acrescentado pontos turísticos para os turistas tirarem fotografias e fazerem check-in, a repintura dos muros entre becos e a inauguração de novos restaurantes e pequenas lojas vestiram o bairro antigo com uma nova camada de decoração. A reanimação aconteceu num ápice e, gradualmente, os vizinhos transformaram-se em clientes dos restaurantes, com azáfama até altas horas da noite. Pamela confessa que até já recebeu queixas de residentes. Como os espaços entre prédios são mesmo reduzidos, uma pessoa quase pode tocar nas roupas estendidas da casa em frente ao abrir a sua janela. Nesta “intimidade”, existe verdadeiramente a dificuldade em manter o espaço pessoal. Para alimentar as relações saudáveis entre residentes, comerciantes e consumidores, a experiência em relações públicas que Pamela acumulou durante anos vem mesmo a calhar. Além de incentivar o consumo, a empresa onde Pamela trabalha também transformou numa das propriedades um espaço cultural, um lugar que há anos acolhe exposições diversas, de fotos, caligrafias e pinturas, instalações, esculturas e até revistas de tamanho reduzido, e onde não só cativou como também prolongou a estadia de muitos turistas interessados em arte, o que poderá incentivar o consumo. No que diz respeito ao papel da arte e da cultura na reanimação da economia da comunidade, Pamela julga que, ainda que a indústria cultural e criativa não consiga trazer lucro imediato, sendo o suporte e adorno do desenvolvimento do bairro, pode ser útil em trazer as pessoas para dentro da comunidade e dar um impulso ao consumo em outras áreas. Entretanto, a Associação Cultural da Vila da Taipa, um outro ramo da empresa, procura integrar os elementos históricos e culturais da comunidade nas atividades organizadas, para que os participantes, além de se divertirem, ganhem mais um nível de conhecimento sobre a própria comunidade e até sobre Macau.

 

 

 

 

Da cultura corporativa internacional na empresa do jogo ao ambiente de gestão da PME local, Pamela tem uma compreensão profunda sobre a cultura do local de trabalho. Na empresa onde trabalhava no passado, havia colegas e superiores de todo o mundo, e seria principalmente por causa do dinheiro que mudariam de emprego. Porém, o que as PMEs valorizam é a fidelidade para com a empresa e se os colaboradores estão dispostos a crescer de mãos dadas com ela. Devido ao considerável número de trabalhadores, a competitividade de uma grande empresa no caminho para a sua promoção, será inevitavelmente afectada pelo factor do género ou da sua identidade local. Em particular, a competência de uma mulher tende a ser bastante questionada porque, nos estereótipos, pode mudar o seu foco depois de se casar, por se concentrar mais na família. Independentemente do ambiente de trabalho, a escolha e o equilíbrio entre a carreira e a família continuam a ser circunstâncias que muitas mulheres enquanto profissionais têm que enfrentar.